quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A Riqueza da Língua portuguesa em contraposição à pobreza de algumas canções evangélicas


Nossa Língua Portuguesa é falada por aproximadamente 250 milhões de pessoas ao redor da Terra. É a quinta língua mais falada no mundo e a terceira mais falada do lado ocidental do globo.

Trata-se de um idioma riquíssimo. Tal riqueza até mesmo nos impossibilita de afirmar exatamente a quantidade de palavras existentes, embora se fale em algo em torno de 500.000. Essa variedade de vocábulos deve-se ao fato de que nosso vernáculo possui palavras cuja etimologia vem do grego, do latim, do árabe, dos dialetos indígenas e africanos, etc.

No entanto, a multidão de palavras que constitui a “Flor do Lácio” não se reflete em parte das composições evangélicas hoje em voga.

A mesmice que grassa (por falta da graça?) nos “hinos” cantados em nosso meio é sofrível.

Há algumas palavras-chave que, ao que nos parece, tem servido de inspiração ad nauseum pelos compositores “gospel”. Elencarei aqui algumas delas:

- chuva, chover;
- abundante;
- restitui, restituição;
- noiva;
- derrama, derramar;
- shekinah;
- incendeia, incendiar, fogo;
- apaixonado (s);
- vitória.

Tal qual verdadeiros mantras, versos são elaborados com as palavras supra e as mesmas 4 ou 5 frases são repetidas “ad eternum” pelos “levitas”.

Prováveis causas dessa mesmice:

- O pensamento de que “um-fez-e-deu-certo-deixa-eu-fazer-também-para-ver-se-cola”.

- A soma de melodias que grudam pela insistência + letras fáceis são a mistura perfeita para vender CD.

- É disso que o povo gosta: ser levado pela emoção, e não pela razão. E pensamentos batidos/frases de efeito cumprem bem esse papel.

- o real desconhecimento do vernáculo por parte dos compositores.

Mas também não vou generalizar. Há verdadeiros adoradores e há “adoradores”.

Na primeira categoria se enquadram aqueles que não aderem às letras da moda, e estão preocupados unicamente em adorar a Deus. Já os “adoradores”, seguem o esquema palavras chave + frases fáceis + melodias que grudam não tanto pela qualidade, mas pela repetição + um toque de emocionalismo = milhares de CD vendidos. E se não tiver canções novas para lançar o CD anual, o negócio é mandar um “ao vivo”. E se no ano que vem as novas composições ainda não estiverem prontas, é só lançar um “acústico”... Ou quem sabe um "remix"... Os fãs se agradam disso. (Mas... E Deus?)

Soli Deo Gloria!

Autor: Alessandro CristianFonte: [ Blog do autor ]

Carta Aberta aos grupos de louvor




Querido Grupo de Louvor,

Eu aprecio muito a sua disponibilidade e desejo de oferecer seus dons a Deus em adoração. Aprecio sua devoção e celebro sua fidelidade — arrastando-se para a igreja cedo, domingo após domingo, separando tempo para ensaiar durante a semana, aprendendo e escrevendo novas canções, e tantas coisas mais. Assim como aqueles artistas e artesãos que Deus usou para criar o tabernáculo (Êxodo 36), vocês são dispostos a dispor seus dons artísticos a serviço do Deus Triuno.

Portanto, por favor, recebam esta pequena carta no espírito que ela carrega: como um encorajamento a refletir sobre a prática de “conduzir a adoração”. A mim parece que vocês frequentemente simplesmente optaram por uma prática sem serem encorajados a refletir em sua lógica, sua “razão de ser”. Em outras palavras, a mim parece que vocês são frequentemente recrutados a “conduzir a adoração” sem muita oportunidade de parar e refletir na natureza da “adoração” e o que significaria “conduzir”.

Especificamente, minha preocupação é que nós, a igreja, tenhamos involuntariamente encorajado vocês a simplesmente importar práticas musicais para a adoração cristã que — ainda que elas possam ser apropriadas em outro lugar — sejam prejudiciais à adoração congregacional. Mais enfaticamente, usando a linguagem que eu empreguei primeiramente em Desiring the Kingdom¹, às vezes me preocupo de que tenhamos involuntariamente encorajado vocês a importar certas formas de execução que são, efetivamente, “liturgias seculares” e não apenas “métodos” neutros. Sem perceber, as práticas dominantes de execução nos treinam a relacionar com a música (e os músicos) de certa maneira: como algo para o nosso prazer, como entretenimento, como uma experiência predominantemente passiva. A função e o objetivo da música nestas “liturgias seculares” é bem diferente da função e o objetivo da música na adoração cristã.

Então deixe-me oferecer apenas alguns breves conceitos com a esperança de encorajar uma nova reflexão na prática da “condução da adoração”:

1. Se nós, a congregação, não conseguimos ouvir a nós mesmos, não é adoração. A adoração cristã não é um concerto. Em um concerto (uma particular “forma de execução”), nós frequentemente esperamos ser sobrepujados pelo som, particularmente em certos estilos de música. Em um concerto, nós acabamos esperando aquele estranho tipo de privação dos sentidos que acontece com a sobrecarga sensorial, quando o golpe do grave em nosso peito e o fluir da música sobre a multidão nos deixa com a sensação de uma certa vertigem auditiva. E não há nada de errado com concertos! Só que a adoração cristã não é um concerto. A adoração cristã é uma prática coletiva, pública e congregacional — e o som e a harmonia reunidos de uma congregação cantando em uníssono é essencial à prática da adoração. É uma maneira “desempenhar” a realidade de que, em Cristo, nós somos um corpo. Mas isso requer que nós na verdade sejamos capazes de ouvir a nós mesmos, e ouvir nossas irmãs e irmãos cantando ao nosso lado. Quando o som ampliado do grupo de louvor sobrepuja às vozes congregacionais, não podemos ouvir a nós mesmos cantando — então perdemos aquele aspecto de comunhão da congregação e somos encorajados a efetivamente nos tornarmos adoradores “privados” e passivos.

2. Se nós, a congregação, não podemos cantar juntos, não é adoração. Em outras formas de execução musical, os músicos e as bandas irão querer improvisar e “serem criativos”, oferecendo novas execuções e exibindo sua virtuosidade com todo tipo de diferentes trills e pausas e improvisações na melodia recebida. Novamente, isso pode ser um aspecto prazeroso de um concerto, mas na adoração cristã isso significa apenas que nós, a congregação, não conseguimos cantar junto. Então sua virtuosidade desperta nossa passividade; sua criatividade simplesmente encoraja nosso silêncio. E enquanto vocês possam estar adorando com sua criatividade, a mesma criatividade na verdade desliga a canção congregacional.

3. Se vocês, o grupo de louvor, são o centro da atenção, não é adoração. Eu sei que geralmente não é sua culpa que os tenhamos colocado na frente da igreja. E eu sei que vocês querem modelar a adoração para que nós imitemos. Mas por termos encorajado vocês a basicamente importar formas de execução do local do concerto para o santuário, podemos não perceber que também involuntariamente encorajamos a sensação de que vocês são o centro das atenções. E quando sua performance se torna uma exibição de sua virtuosidade — mesmo com as melhores das intenções — é difícil opor-se à tentação de fazer do grupo de louvor o foco de nossa atenção. Quando o grupo de louvor executa longos riffs, ainda que sua intenção seja “ofertá-los a Deus”, nós na congregação nos tornamos completamente passivos, e por termos adotado o hábito de relacionar a música com os Grammys e o local de concerto, nós involuntariamente fazemos de vocês o centro das atenções. Me pergunto se há alguma ligação intencional na localização (ao lado? conduzir de trás?) e na execução que possa nos ajudar a opor-nos contra estes hábitos que trazemos conosco para a adoração.

Por favor, considerem estes pontos com atenção e reconheçam o que eu não estou dizendo. Este não é apenas algum apelo pela adoração “tradicional” e uma crítica à adoração “contemporânea”. Não pense que isto é uma defesa aos órgãos de tubos e uma crítica às guitarras e baterias (ou banjos e bandolins). Minha preocupação não é com o estilo, mas com a forma: O que estamos tentando fazer quando “conduzimos a adoração?” Se temos a intenção que a adoração seja uma prática congregacional de comunhão que nos traz a um encontro dialógico com o Deus vivo — em que a adoração não seja meramente expressiva, mas também formativa² — então podemos fazer isso com violoncelos, guitarras, órgãos de tubos ou tambores africanos.

Muito, muito mais poderia ser dito. Mas deixe-me parar por aqui, e por favor receba esta carta como o encorajamento que ela foi feita para ser. Eu adoraria vê-los continuar a oferecer seus dons artísticos ao Deus Triuno que está nos ensinando uma nova canção.

Sinceramente,

Jamie

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Notas:

¹ Desiring the Kingdom – Worship, Worldview, and Cultural Formation (Desejando o Reino – Adoração, Cosmovisão e Formação Cultural) [N. do T.]
² De acordo com o The Colossian Forum, a despeito de a adoração ser encarada hoje em dia apenas como algo que se vai em direção a Deus (expressão), ao longo da história ela sempre foi encarada também como a causadora de algo em nós (formação). “A adoração cristã é também uma prática formativa justamente porque a adoração também é um encontro ‘descendente’ no qual Deus é o atuante primário” (Fonte: http://www.colossianforum.org/2011/11/09/glossary-worship-expression-and-formation/). [N. do T.]

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Crente pode ouvir música do mundo?! E aí?!

A pergunta é boa... crente pode ouvir música do mundo? Melhor ainda seria perguntar se crente pode vestir roupa do mundo, comer comida do mundo, ver televisão do mundo, filme do mundo etc.


Não sei por que a música foi tão estigmatizada nos círculos evangélicos. Talvez seja pela crendice de que Lúcifer era o regente do grande coral celestial... sei lá. 

O fato é que, na maioria das vezes, o crente que ojeriza a música dita do mundo não vê problemas em assistir ao filme Homem de Ferro 3 no cinema; acompanhar aquela novela da Globo; comer angu à mineira, mesmo que ele também seja servido em despachos; ou, ainda, comprar roupa na C&A, que nada tem de teor cristão em sua declaração de missão empresarial.

Mas antes de prosseguir com este assunto, deixe-me apresentar o motivo de escrever sobre a música secular e os cristãos.

Segue, abaixo, o e-mail enviado há uma semana.
A Paz meu irmão.
Fui inquirido por adolescente da minha igreja: "é pecado cantar música mundana?"
Tudo que me foi ensinado diz que sim. Diz que se não for pecado é pelo menos errado!!!
O que aprendi está correto???
Obrigado por sua atenção e aguardo retorno.
Guilherme Comini
Belo Horizonte/MG
Para responder o contato do irmão Guilherme, preciso primeiramente fazer três comentários como introdução.

1 - É mais difícil responder diretamente uma questão da qual não tenho as proposições para argumentar, seja favoravelmente ou não. O que desejo que você entenda no momento é que ainda que tivéssemos a mesma opinião, poderíamos ter motivos diferentes para chegar à mesma conclusão. Contudo, eu poderia estar embasado na experiência pessoal, e o irmão poderia estar convencido biblicamente. Nesse caso, minha argumentação poderia ser facilmente questionada, porque está fundamentada naquilo que é subjetivo; enquanto a sua seria mais sólida e difícil de “atacar”. Porque não conheço os seus motivos para considerar errado ouvir música do mundo, minha resposta não visa questionar os seus argumentos. Nem conheço quais são os seus argumentos! Você apenas disse que foi ensinado que é errado e concorda com o que foi ensinado.

- Meu artigo é uma resposta para a pergunta: é errado o crente ouvir ou cantar música do mundo? E o que segue é minha opinião quanto a isso. Não se trata de uma resposta para minar as suas convicções com base nos seus argumentos, dogmas etc. Isso tudo tem a ver com a parte de conclusão do meu texto, e você entenderá perfeitamente o que estou falando. Vou repetir! Essa é minha opinião. E o que é bom pra mim, pode não ser bom pra você!

3 - Ainda que seja apenas minha opinião sobre o assunto, gostaria de enfatizar que é a opinião de quem já teve a música como profissão. Pianista profissional registrado na Ordem dos Músicos do Brasil e estudante de regência na Escola de Música Villa-Lobos com o maestro Alceo Bochino. Atuei na música secular como músico profissional e na igreja com regência coral, orquestra, pianista e líder de grupos de louvor. É, portanto a opinião de quem passou, no mínimo, algum tempo refletindo sobre a questão com algum comprometimento pessoal. Acho que isso faz diferença, uma vez que não será uma opinião descontextualizada.

Agora podemos partir para a argumentação da minha opinião. Acredito que preciso antes trabalhar o conceito de “música do mundo”. O que seria “música do mundo” ou a música secular em contraste com a música evangélica/gospel? A definição mais básica dessa diferença seria a motivação ou endereçamento da composição. A música evangélica/gospel tem sua composição motivada pela experiência religiosa do compositor e a música é dedicada a Deus, aborda uma temática relacionada a Deus. A música secular, ou “música do mundo” como geralmente é tratada no círculo cristão, é aquela música que não tem a motivação ou endereçamento religioso; embora algumas músicas seculares tenham uma temática religiosa. Nesse caso, acredito que a música secular com temática religiosa não deixa de ser considerada “música do mundo” porque ela não tem status litúrgico. E, para a comunidade cristã, não basta que a música tenha a temática religiosa, ou que a composição seja dedicada a Deus, a vida do intérprete deve também ser uma vida dedicada a Deus. A música e seu intérprete precisam ser “santos”, dedicados a Deus. Por isso não encontramos o intérprete cristão cantando “Jesus Cristo” de Roberto Carlos no culto, e também não encontramos Roberto Carlos sendo convidado para cantar como participação especial no Diante do Trono – ainda que ele seja o rei...

A música do mundo poderia ser dividida em duas grandes categorias: a música instrumental e a música com letra. Se o crente tem medo da música do mundo pela influência que ela pode ter sobre o ouvinte, a música instrumental é a menos “perigosa”. Apreciar a música instrumental é como apreciar qualquer outra arte, como as artes plásticas, por exemplo. Como a música é instrumental, seu valor é muito mais artístico, estético etc. É claro que a música instrumental tem uma história para contar, tem algum significado, havia alguma intenção na cabeça do seu compositor como motivação de composição da obra instrumental; mas a comunicação dessa mensagem é, de longe, inferior quando comparado com a música com letra. A música com letra tem uma mensagem muito mais explícita e completa.

Quando precisamos tratar da música com letra, portanto, devemos analisar a letra da música. Qual é a mensagem que o autor desejou transmitir com suas palavras? Acredito que aqui esteja a nossa maior preocupação. Se a música do mundo não é rejeitada pela comunidade cristã por causa da mensagem, então seria o quê? Se é simplesmente pela origem da música, então precisamos questionar o uso de nossas roupas, a comida que compramos etc. Seria um pouco de hipocrisia demonizar a música com base apenas em sua origem e não fazer o mesmo com todo o resto que cerca nossas vidas!

Não concordo, portanto, com o argumento que o crente não deve ouvir música do mundo por causa de sua origem: o mundo. O que mais não é do mundo? Será que seria só a música? Estou escrevendo este texto num netbook da HP com sistema operacional Linux. Tanto o hardware como o software têm origem “mundana”. Será que meu texto de resposta para você será descartado por causa da origem dos recursos utilizados para compor o texto?

É essa hipocrisia ou “ingenuidade” que os crentes querem viver que me revolta. Há falta de coerência no discurso e na conduta que professam ter. Com isso, acabam fazendo papelão.

– Não assista novela da Globo!
– Por quê?
– Porque tem adultério e traição.
– E na Bíblia não tem?

– Meus filhos não podem ler este livro porque ele tem histórias de guerra e violência.
– Eles só leem a Bíblia?
– Sim.
– E na Bíblia não tem histórias de guerra e violência?

Não estou dizendo que não existe uma diferença entre a guerra, a violência, a traição e o adultério entre a literatura secular e a Bíblia. E, sim, quero dizer que precisamos melhorar nossos argumentos para não parecermos idiotas quando tratamos desse assunto com os que não são crentes.

Portanto, a única explicação que acredito ser adequada para o porquê do crente ser “proibido” de ouvir música do mundo seria pela mensagem contida na letra da música. E aqui temos razões suficientes para dizer: prefiro não ouvir essa música.

Dizer que a música tem uma letra com uma mensagem conflitante com o meu credo e por isso “prefiro não ouvir” traz à nossa memória a Igreja em Corinto. Aquela Igreja vivia um drama parecido. Vamos ler primeiramente o texto.

“Agora vou tratar do problema dos alimentos oferecidos aos ídolos. Na verdade, como se diz, “todos nós temos conhecimento.” Porém esse tipo de conhecimento enche a pessoa de orgulho; mas o amor nos faz progredir na fé. A pessoa que pensa que sabe alguma coisa ainda não tem a sabedoria que precisa. Mas quem ama a Deus é conhecido por ele. Quanto a comer alimentos que tenham sido oferecidos aos ídolos, nós sabemos que um ídolo representa alguma coisa que realmente não existe. E sabemos que existe somente um Deus. Pois existem os que são chamados de “deuses”, tanto no céu como na terra, como também existem muitos “deuses” e muitos “senhores”. Porém para nós existe somente um Deus, o Pai e Criador de todas as coisas, para quem nós vivemos. E existe somente um Senhor, que é Jesus Cristo, por meio de quem todas as coisas foram criadas e por meio de quem nós existimos. Mas nem todos conhecem essa verdade. Existem pessoas tão acostumadas com os ídolos, que até agora comem desses alimentos, pensando que eles pertencem aos ídolos. A consciência dessas pessoas é fraca, e por isso elas se sentem impuras quando comem desses alimentos. Não é esta ou aquela comida que vai fazer com que Deus nos aceite. Nós não perderemos nada se não comermos e não ganharemos nada se comermos desse alimento. Mas tenham cuidado para que essa liberdade de vocês não faça com que os fracos na fé caiam em pecado. Porque, se uma pessoa que tem a consciência fraca neste assunto vir você, que tem “conhecimento”, comendo alimentos no templo de um ídolo, será que essa pessoa não vai querer também comer alimentos oferecidos aos ídolos? Assim este cristão fraco, este seu irmão por quem Cristo morreu, vai se perder por causa do “conhecimento” que você tem. Desse modo, pecando contra o seu irmão e ferindo a consciência dele, você estará pecando contra Cristo. Portanto, se o alimento faz com que o meu irmão peque, nunca mais vou comer carne a fim de que eu não seja a causa do pecado dele.” 
I Coríntios 8:1-13

Havia na cidade de Corinto muitos templos pagãos. Carne era oferecida como oferta a esses deuses nos templos, e a sobra era vendida pelos sacerdotes no mercado de carnes por um preço mais barato. Os membros mais pobres daquela comunidade cristã só podiam comprar a carne com o preço mais acessível, mas a possibilidade de estar comprando da carne que fora oferecida aos ídolos era grande. O que fazer? O conselho de Paulo foi: vai no açougue, compre a carne e não pergunte nada por questão de consciência. Se um amigo oferecer um banquete e não disser a procedência da carne, coma à vontade. A verdade é que nada há na carne que seja “demoníaca” até mesmo porque sabemos que ídolos não são nada, e foi Deus quem criou todas as coisas. Não se ganha ou se perde nada comendo ou não comendo dessa carne. Mas, por uma questão de consciência, para não ferir a consciência do irmão fraco, não coma da carne oferecida a ídolos.

Mais adiante no texto da carta aos coríntios, quando volta a falar do mesmo assunto, Paulo acrescenta: “Alguns dizem assim: “Podemos fazer tudo o que queremos.” Sim, mas nem tudo é bom. “Podemos fazer tudo o que queremos”, mas nem tudo é útil.” 1 Coríntios 10:23

Esse sempre foi o meu texto norteador nesta questão. Foi assim que ensinei minha filha a julgar o que ela deveria ou não ouvir. Ela, às vezes, me pergunta se pode ou não ouvir esse ou aquele cantor, ou essa e aquela música. Minha resposta é: julgue se o que você está ouvindo é útil. Você pode ouvir de tudo, mas nem tudo convém!

Guilherme, há músicas do mundo que têm valor histórico e moral, veja a importância e como você pode exercitar sua cidadania refletindo sobre as músicas escritas durante a ditadura. Faz parte de nossa história! Posso citar Chico Buarque, Caetano Veloso, Geraldo Vandré e muitos outros. Há músicas que louvam o valor da boa amizade, ou do amor do filho pelo pai. Podemos ouvir de tudo, mas nem tudo convém. Lembra? Se a música é um louvor ao amor de um homem por uma mulher, à fidelidade e ao companheirismo, ótimo! Por que não ouvir? Não foi esse o desejo de Deus ao criar a mulher para o homem? Contudo, se a música é um louvor ao amor de um casal em adultério, prefiro não ouvir.

Jesus disse que o que faz mal não é o que entra, mas o que sai da boca. A boca fala do que o coração está cheio. A coisa toda tem muito mais a ver com que está dentro de nós do que aquilo que está fora, no mundo. Pois onde estiverem as nossas riquezas, aí estará o nosso coração. Se eu valorizo uma música que louva o adultério, alguma coisa está errada com meu coração, com a minha conversão. Se valorizo uma canção que louva o valor de uma amizade, esse olhar de valor que tenho sobre a canção é dirigido por um coração segundo Deus. Se não fosse assim, não poderíamos julgar os valores morais presentes no mundo, o que me faz lembrar da abertura de Paulo em sua carta aos Romanos: "Os gentios cumprem a lei de Deus gravada em seus corações" Romanos 2:15. Tudo aquilo que Deus criou e chamou de bom não está somente dentro das igrejas e na mão dos crentes para fazer. A graça comum de Deus estende-se sobre toda a criação! O que podemos encontrar de belo no mundo está lá, presente e pulsante, por Sua graça e para Seu louvor! 

Por isso ouso dizer: nem toda música do mundo é demoníaca, e nem toda música gospel é santa. Se o problema da música do mundo está na mensagem que sua letra traz, digo que há muitas músicas gospel com letras que fazem muito mais mal ao crente do que muitas músicas do mundo. Há muita música gospel com letra que traz uma mensagem altamente destrutiva para a verdadeira fé. São músicas com mensagens antropocêntricas que desvalorizam Deus e supervalorizam o homem, fazendo Deus de servo e o servo de senhor. Músicas cantadas todas as noites nas igrejas que negam a trindade, ou incentivam as pessoas a amarem a Deus para barganhar por bençãos.

Guilherme, não encontro uma assertiva bíblica, clara e inquestionável, de que o crente esteja proibido ou deveria ser proibido de ouvir música do mundo. Mas, já deixei claro que, apesar de poder ouvir de tudo, nem tudo convém. Isso deveria incluir também o repertório gospel. Tem música gospel que prefiro não ouvir porque é contra minha fé! Você também deve fazer esse tipo de seleção no seu repertório gospel, ou será que você canta tudo que rola nas rádios?

Ainda dentro do discurso de Paulo aos coríntios sobre carne sacrificada a ídolos, ele diz que nossa liberdade não pode ser usada para ferir a consciência de outros irmãos que acreditam ser errado comer daquela carne. Ou seja, se minha comunidade cristã acredita que é errado ouvir música do mundo, não ouvirei de forma que provoque ou “teste” a fé deles. Não posso ser motivo de escândalo para eles.

Quem acha que pode ouvir uma música ou outra não pode fazer de forma a agredir a fé do irmão, e quem acha que deve excluir essas músicas de seu repertório para o benefício de sua consagração não deveria criticar aquele que ouve por diversão.

O que pode ser bom para mim, pode não ser bom para outras pessoas. Ainda que eu possa curtir algumas músicas do mundo dentro daquele padrão mencionado anteriormente, músicas que não ferem necessariamente a minha fé e meus valores cristãos; algumas pessoas, no entanto, não podem ouvir nem essas músicas porque elas se tornarão um passo para o desvio. São como alcoólatras que não podem nem comer um bombom de licor para não serem tentados a voltar ao alcoolismo. Se há uma ligação forte demais da pessoa com a música do mundo e as velhas práticas de sua antiga natureza, então é melhor que essa pessoa não escute música nenhuma do mundo. Isso me faz lembrar daquela personagem da Paula Burlamaqui na novela Avenida Brasil da Globo. Crentona, cheia daquelas idiossincrasias, mas não podia ouvir uma determinada música que ela logo perdia a linha. Se esse é o caso, o crente que tem a música do mundo como um ponto fraco, não deveria ouvir música alguma. Mas essa é uma escolha pessoal, faz parte de sua consagração pessoal e não deveria ser imposta a outras pessoas como uma regra bíblica, porque ela não é bíblica! Tem crente que nem precisa de Playboy para pecar, basta uma revista da Avon ou Demillus... Entende que o problema nem sempre está na coisa, mas na concupiscência de cada coração? Mais uma vez posso aplicar um conselho de Paulo:“Quem dá mais valor a certo dia faz isso para honrar o Senhor. E também quem come de tudo faz isso para honrar o Senhor, pois agradece a Deus o alimento. E quem evita comer certas coisas faz isso para honrar o Senhor e dá graças a Deus” Romanos 14:6. Se essa pessoa evita ouvir essas músicas, ainda que elas não tenham nada demais, faz pelo Senhor. E isso é bom!

Há, também, aqueles que fazem do cantor um ídolo. E nesse caso pode não ser apenas o cantor do mundo, mas o cantor gospel também. Falem mal da minha mãe, mas não falem da Ana Paula Valadão! Escola Bíblica Dominical está vazia enquanto o show do Fernandinho está lotadíssimo. Na minha opinião, essa proibição da igreja, dizendo que crente não pode ouvir música do mundo, é uma tentativa fraca de evitar que os crentes se envolvam com a adoração desses ídolos do mundo musical. Mas, idólatra é o coração humano sem Cristo! Na falta de ídolos do mundo, porque somos proibidos do acesso a eles, criamos nossos próprios ídolos na igreja. E como tem coração sem Cristo dentro de nossas igrejas...

Vou parafrasear Paulo como resumo da minha opinião: posso ouvir todo tipo de música, mas nem toda música é útil. Examino todas as músicas e fico só com o que é bom. Mas se o irmão prefere não ouvir das músicas do mundo porque faz parte de sua consagração pessoal e o irmão faz isso pelo Senhor, não posso criticá-lo! Louvado seja o Senhor! 1 Coríntios 10:23, 1 Tessalonicenses 5:21 e Romanos 14:6.

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Autor: André R. Fonseca 
www.andreRfonseca.com
Twitter: @andreRfonseca

Quando não especificado, todos os textos bíblicos são citações da NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje da SBB. 
Foto: Atriz Paula Burlamaqui na novela Avenida Brasil da rede Globo.
Fonte da imagem: http://colunas.gospelmais.com.br/files/2012/06/paula.jpg

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Quem Deve Escolher as Músicas do Culto?

Michael Lawrence29 de Setembro de 2014 - Igreja e Ministério
“Eu só quero saber quem está no comando”. Aquela frase trouxe luz à minha situação. Eu havia acabado de pregar meu sermão de candidatura, e estava prestes a fazer um rápido lanche antes da sessão de perguntas e respostas com a congregação. Mas, em vez de comer, o moderador do conselho de presbíteros e pastor executivo 1 interino me puxou para uma sala nos fundos para uma reunião de última hora com o pastor de adoração. Ele não fez rodeios, foi direto ao ponto:
Se eu fosse chamado para ser o pastor principal, quem iria decidir o que aconteceria nos domingos de manhã, antes do sermão? Quem escolheria a música? Quem escolheria a ordem? Quem, enfim, estaria no comando?
Era uma pergunta razoável. Ele era o responsável por aquelas decisões na igreja até aquele momento e, aparentemente, eu havia deixado pistas o suficiente no meu exame de candidato para que ele começasse a imaginar se as coisas não mudariam. E eu de fato planejava, como o novo pastor principal, assumir a responsabilidade última por todo o culto. Eu planejava até mesmo escolher a música. Então foi isso que eu lhe disse.
Embora haja princípios bíblicos que orientavam a minha resposta, no final, era uma questão de prudência e pragmática. Biblicamente, eu creio que algum presbítero deveria supervisionar a escolha da música e de todos os demais detalhes do culto. Prudencialmente, eu penso que é apropriado ao pastor principal, aquele responsável pela pregação, ser esse indivíduo.
Aqui estão três argumentos para essas convicções.
Cantar é ensinar
Nós geralmente pensamos acerca do nosso canto como a expressão da nossa adoração a Deus. E está certo. Mas isso não é tudo. Os nossos cânticos ensinam e reforçam aquilo que nós cremos acerca de Deus e, porque são postos em forma musical, os nossos cânticos com frequência exercem sobre os nossos membros uma influência mais profunda do que podemos perceber. Como R.W. Dale, um ministro congregacional inglês do século XIX, observou em uma série de palestras sobre pregação que proferiu na Universidade de Yale, “Deixe-me escrever os hinos e a música de uma igreja, e me importo muito pouco com quem escreve a teologia” (Nine lectures on preaching, 1878, p. 271). Talvez ele estivesse exagerando um pouco o argumento, mas não muito.
Paulo instruiu os Colossenses a admoestarem e ensinarem uns aos outros cantando “salmos, e hinos, e cânticos espirituais” (Colossenses 3.16). Uma vez que o ensino ocorre ao cantarmos corporativamente, os presbíteros são responsáveis pela supervisão e, particularmente, o pastor/presbítero a quem foi dada a resposabilidade primária pelo ministério de ensino da igreja (Tito 1.9). Se não estivermos dando atenção às palavras que estão sendo cantadas em nossa igreja, semana após semana, então não estamos sendo obedientes ao nosso chamado como presbíteros. É preciso reconhecer, isso não pressupõe que o pastor principal escolha todas as músicas pessoalmente. Mas isso de fato pressupõe que ele esteja familiarizado com elas e as aprove. Na minha própria igreja, eu trabalho próximo ao nosso líder de louvor, que está muito mais familiarizado com a música contemporânea do que eu, ao passo que eu estou mais familiarizado com os hinos. Nós formamos um bom time, mas, no final, como presbítero, sou eu o responsável.
A música molda a cultura
Além do evidente ensino que há em nossos cânticos, é inegável que a música que usamos e o modo como a usamos moldam e definem a cultura de nossa igreja. Dificilmente eu precisarei explicar isso àqueles que passaram por “guerras de adoração” em suas igrejas locais. Aquelas guerras eram tão intensas porque elas são essencialmente guerras culturais, nas quais a música é apenas o exemplo de um abismo muito maior entre as gerações. É por isso que todo plantador de igrejas deseja ter em sua equipe um músico que compartilhe com ele a mesma visão. É por isso que especialistas em crescimento de igreja o aconselham a adotar o estilo musical preferido da sua população-alvo. Assim, de uma perspectiva puramente pragmática, se o pastor deseja conduzir e moldar a cultura de sua igreja, ele precisa estar envolvido nas decisões acerca da música.
Mas e se você quiser conduzir a sua igreja é uma direção contracultural biblicamente orientada? E se você quiser uma congregação multigeracional desejosa de amar uns aos outros ao cantar as músicas uns dos outros? E se você quiser promover o canto congregacional, em vez da experiência passiva de um show? E se você quiser encorajar uma cultura de culto que não seja guiada pelos mesmos valores de um espetáculo? E se você quiser ter uma adoração corporativa que se expresse em outras melodias além da triunfante e da alegre?
Carl Trueman perguntou de modo incisivo: “O que cristãos miseráveis podem cantar?”. Essa é uma boa questão em nosso mundo gospel sempre feliz e saltitante. Se tudo o que você deseja é um clube para jovens de vinte-e-poucos anos, ou para os cinqüentões, ou para os hipsters urbanos, então entregue a música nas mãos do grupo de louvor. Eles farão um ótimo trabalho. Mas se você deseja uma cultura que seja ricamente estruturada e diversa, profundamente congregacional e alérgica aos padrões do mundo do entretenimento, então, pastor, você precisa liderá-la naquela direção, pois ela não chegará lá por si mesma.
O culto inteiro serve a Palavra
Há pouquíssima instrução explícita na Bíblia acerca do que deveria acontecer em nossos cultos corporativos. Mas, como protestantes, nós estamos convencidos de que a Palavra é o centro e o clímax, porque é a pregação da Palavra que nos dá Cristo e é o ouvir a Palavra que dá à luz a fé pelo poder do Espírito (Romanos 10.14). Por causa dessa verdade singular e profunda, faz sentido que a pessoa encarregada de pregar a Palavra dedique tempo e atenção para planejar o restante do culto, incluindo escolher os cânticos, de modo que o culto inteiro sirva como preparação, e depois como resposta, à Palavra pregada.
Na minha igreja, isso significa estabelecer um tema teológico que sobressaia na passagem em que eu pregarei, e então escolher uma variedade de cânticos e leituras bíblicas que desenvolvam e interajam com aquele tema. Além disso, uma vez que o foco da adoração cristã é a exaltação de Cristo no evangelho, há uma oportunidade de organizar os cânticos, orações e leituras de modo que o evangelho seja explorado a partir da perspectiva temática do texto do sermão, antes que o evangelho seja pregado a partir do texto do sermão. Todo o culto, então, está não apenas a serviço da Palavra pregada, mas é uma exibição pública do próprio evangelho. Embora outros presbíteros possam fazer esse trabalho, parece-me que a pessoa encarregada de pregar o texto está em melhores condições de escolher e ordenar os cânticos, tendo em mente as ênfases específicas do sermão.
Na prática, eu faço isso pensando, com bastante antecedência, acerca da minha agenda de pregação e então dos temas dos cultos. Eu então passo alguns dias pensando nos cânticos que cantaremos, nas Escrituras que serão lidas, e na ordem de tudo isso. Joel Harris, nosso líder de música, está profundamente envolvido comigo nesse processo, contribuindo com suas habilidades e sua sensibilidade musical reconhecidamente superior. Uma vez que isso esteja feito, a cada semana eu me reúno com minha equipe pastoral e reviso a ordem de culto para aquele domingo. Ocasionalmente, nós não mudamos coisa alguma. Mas, com muita frequência, a equipe traz ótimas sugestões e, juntos, nós mudamos minha ordem de culto original. Afinal, a responsabilidade de planejar o culto não significa infalibilidade! Mas todo esse ajuste fino (e, algumas vezes, completa revisão) se dá no contexto de algo que a equipe pastoral não pode fazer por mim, isto é, a cuidadosa meditação no texto do sermão.
Se for possível, o pastor pode ceder a liderança na seleção musical. Se há outros que podem ajudar, ele deve usá-los. Mas, de um modo ou de outro, os presbíteros, e não o grupo de louvor, deve escolher a música. Eu não sou a única pessoa na conversa acerca do que acontece a cada domingo, mas, como servo da Palavra, eu começo a conversa e estabeleço o alvo. Meu objetivo não é microgerenciar ou controlar tudo. É simplesmente assegurar que, do começo ao fim, cada canção que cantarmos, e cada um dos outros elementos do culto, sirvam a Palavra. Porque é por meio da Palavra que nós temos a Cristo.
Notas:
1 - Nos EUA, a denominação “pastor executivo” é usada para designar um pastor encarregado de cuidar de assuntos referentes à organização, planejamento, direção e supervisão dos ministérios da igreja, com o objetivo de deixar o pastor principal mais livre para cuidar do ministério da palavra e da oração.

Retirado do site reformado: http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/740/Quem_Deve_Escolher_as_Musicas_do_Culto



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sábado, 26 de julho de 2014

Crítica à música coral evangélica

Fico triste ao ver nossos atuais músicos.
Sim, meu coração está tremendamente abatido.
Daqueles que eu admirava, que valorizava o trabalho feito com a música, que me agradava de tamanha disposição, talento e voz, sinto e com muito pesar lamento, a forma como tem tratado os louvores entoados a Deus através do ministério musical!
Ontem, quando cheguei do trabalho, visitando uma determinada rede social, resolvi ver como estavam os ex-colegas de seminário, outros irmãos que gravam cantatas, e, nisso tudo, escolhi uns vídeos de certos grupos musicais pra assistir, ser abençoado, aprender e adorar a Deus!
Mas infelizmente nada disso me aconteceu.
Que Deus tenha misericórdia, meus irmãos, misericórdia! Porque eu estou tremendamente triste com o que vi!
Desde criança, fiz aliança com o Senhor, em consagrar meus ouvidos e a minha voz, somente com hinos que o glorificassem. Assim, aboli as músicas mundanas, os ritmos insacros, tudo de música que não consegue contemplar a um Santo Criador, Redentor e Triúno.
E encontrei nas músicas harmônicas, algo que me abençoava de maneira maravilhosa, que me fazia adorar a Deus, que voltava os meus olhos ao alto e que me consolava. Entendi que havia uma vocação, uma virtude, e dispus a Cristo me usar, se Ele quisesse! E Ele quis! Pedi pra aprender piano, porque minha igreja tinha uma carência grande de músicos, e Deus prontamente me concedeu esse dom. Aprendi piano por Graça. Sem instrutores, sem professores, sem outros pianistas. Sozinho. Eu e o meu Deus. Depois senti necessidade de saber interpretar, tanto vocal, quanto instrumentalmente falando, por isso aprendi canto e regência. E o Senhor prontamente me usou. Glória ao seu Nome.
Me lembro que enquanto as outras crianças da minha idade gostavam de jogar bola, empinar pipa, confesso que eu preferia brincar de músico. Arrumava meus bonecos e dinossauros e fingia ser um grande coral sob a minha regência. Farejava os bons grupos harmônicos, que na época vendiam em fitas cassete, e fazia de um tudo pra ir a algum ensaio de coral.
E durante esse tempo, fui muito tocado com as canções de grupos evangélicos, que, de fato, traziam a música coral de uma maneira vibrante, séria e reverente!
Acho que admirei ou fantasiei muito os irmãos!
Ah, meus queridos! O pecado é sorrateiro é. E, ardilmente, satanáz nos tenta à prática da iniquidade. Eis que ele está em derredor e por isso não devemos dá-lo brechas. Isso é uma realidade! Assim, sabemos que temos por Pai um Deus amoroso e perdoador, que uma vez o crente arrependido, Cristo o purifica e o restaura com poder e grande graça!
Mas o cenário que vemos nos atuais “referência” em música coral no Brasil não é de um cristianismo sincero, reverente, temente e convicto de um ministério oportunizado por Deus.
Inicialmente vemos a “empresalização” do consagrado ministério de música, que deixou de ser ferramenta de espontânea e devota adoração a Cristo junto com os crentes da sua igreja, para uma expressão artística que embeleza o culto e vai até o teto dos templos. E isso é o mais lamentável!
Não ouvimos dessas “empresas” o comprometimento com o ministério dos missionários espalhados na terra, com a evangelização aos gentios e pagãos, com a santificação do músico e da música, bem como a consagração das vozes.
Música não converte. Não é por muito se cantar, que o pecador vai se convencer dos seus pecados. Música abençoa a Igreja e Engrandece a Jesus. Entendam!
Gosto do lema: "Ministério que apoia Ministérios".. De fato, o Ministério de Música é uma ferramenta litúrgica, mas muito além, deve ser um vaso em Deus usado para apoiar o Ministério pastoral, e não dividi-lo, o ministério infantil, e em especial, o de missões! Missões urbanas, missões na zona rural, missões internacionais, enfim...
Vemos “valores R$” para que os irmãos cantem nas igrejas (distinguindo rapidamente o que seja: oferta voluntária – quando a partir da condição dos irmãos, eles resolvem contribuir com o ministério, se tornando benção e se revestindo da graça e providência de Deus, sendo alicerçado nas escrituras e no testemunho dos apóstolos; com a totalmente contrária, cobrança compulsiva – quando o ministério de música cobra por ministrar), e questiono: Se uma igreja pequena desejar adorar com esses crente, o que faz? Só as que podem contribuir?
Eu sou maestro de um grupo musical que resolveu ser útil na propagação do evangelho e na sustentação de igrejas e missionários. Com a renda do grupo, revertemos no auxílio aos crentes em Cristo. Aos necessitados, aos índios, aos missionários, à nossa igreja, a pastores, e clamo a Deus para
que eu esteja operando o seu querer, e que Ele me livre de pecar empresalizando o dom que de graça recebemos. Temos profissões, somos agraciados por Deus com emprego, faculdade, estudos diversos, e no que ele nos concedeu para destinarmos exclusivamente à sua glória através da música, nós não fazemos? Tudo que somos pertence ao Senhor, e tudo deve ser devolvido a Ele para a sua glória. Que a justiça a qual estudo e trabalho, auxilie os necessitados, fracos, injustiçados e empobrecidos e isso se reverta em glória para Cristo. Que a minha família, em aflições, perdas, lutas, alegrias, e vitórias se converta a Jesus. Que os meus talentos sejam utilizados para abençoar outros crentes e fazer com que o reino de Jesus seja estabelecido em mim, e através de mim!
Segundo, criamos os ditos “ídolos”. No trato uns com os outros, se envaidecem do que são. E amam ser aclamados nas ruas com o título de “rabi”. Se precipitam a criticar os que de coração sincero cantam. E facilmente mergulham na hipocrisia, no pragmatismo e no ecumenismo.
Onde está a identidade doutrinária deles?
Onde se chama, canta! Qual o real critério?
Envaidecimento? presunção? ou falta de firmeza mesmo?
Tudo não passa de apresentação quando a identidade doutrinária se esvai a segundo plano.
Olhem as músicas! Letras vazias, apelativas, que não entronizam a doutrina bíblica, coroando de receios e medos de que clientes de outras denominações não as utilizem. Que Cristo nasceu milagrosamente, que viveu, morreu e ressuscitou ao terceiro dia, muitos creem! Mas a pregação cristocêntrica e o testemunho vivo, não conformado com o mundo, mas renovado pela renovação da mente de cada um deles, está raro de encontrar!
Amam as primeiras fileiras e os lugares importantes. Jesus, quando condenou os fariseus, os mestres da lei e os publicanos, afirmou que uns eram hipócritas, religiosos, que amavam ser maior entre seus iguais e faziam questão de demonstrar o status que possuíam; outros, por um ralo conhecimento, ditavam as regras e as normas morais e religiosas do povo; e por fim, Jesus falou daqueles que eram injustos no trato com os seus e, por fim, desonestos.
Terceiro, o testemunho público.
Assisti um vídeo em que um dos coristas, em pleno solo, tirava fotos no celular. Ele andava de um lado pra outro do “palco”, gesticulava gestos sem sentido, dava costas à igreja para conversar com um dos coristas do grupo, e a reverência, seriedade e espiritualidade dos cânticos, ficavam do lado de fora da igreja enquanto o grupo "ofertava algo" a Deus
Em outro vídeo, um dos maestros contou um testemunho fantasioso e cheio de emoção, alternado com momentos em que praticamente ele gritava, levando a igreja a êxtase e o grupo a uma irracionalidade musical.
Em um post, vi a promoção de um grupo, cobrando R$500,00 para fazer um culto nas igrejas. Em outro post, vi coristas dançando forrozinho agarradinha com os namorados, ou vendendo sua linda voz aos palcos mundanos. Em outro, vi um dos diretores, afirmando que: “Somos empresas, temos direitos autorais a comprar, se fizéssemos um trabalho como esse, teríamos que dividir os lucros”... Ah, como isso me decepcionou!
Um dos ex-tenores de um certo grupo, que muitos dos nossos coristas cantam solos que ele fez em cantatas e amam a voz do moço, hoje é gay e membro de uma comunidade dita evangélica, outros admitem rapazes homossexuais para formarem o corpo de cantores do ministério de louvor, enfim, não irei me prolongar...
Não vemos versículos bíblicos, não vemos palavras de incentivo, nem nenhuma espécie de contribuição à missões e à pregação da Palavra.
Ressalva seja feita aos adventistas e da sua maior gravadora: Eles retiraram os CDs de uma cantora do comércio, porque ela cometeu pecado, transformando os discos, em outra destinação. Os adventistas merecem admiração pelo comprometimento com o testemunho público do cantor.
Mas não poderia suscitar um questionamento desses a qualquer gravadora evangélica por causa do grande comércio obtido.
Aaah, Deus! Tenha misericórdia!
Lamento pelos colegas que comercializam seus talentos, lamento pelas gravadoras e pelo cartel da música coral brasileira, lamento pelo mundanismo da música cristã, lamento pela péssima vocação e seriedade dos músicos, lamento pela falta de santidade e consagração.
E como eu terminaria esse triste texto?
Aos diretores e regentes de Coral: Observem o testemunho daqueles que vocês copiam! Procure ser original! Seja responsável com a completude ministerial dos grupos que você adota! Tenha discernimento e averigue a identidade desses grupos! Evite os prosélitos e pragmáticos! Aprofunde doutrinariamente a música da sua igreja! Ore!
Aos Coristas: Cuidado com o estrelismo. Você pode estar roubando o lugar daquele que merece adoração! Cuidado com sua vida! Eis que grande responsabilidade é e será exigida de nós! Cuidado com o que você canta!
As Igrejas: Se preocupem com as músicas cantadas pelo seu Coral! Pastor? Procure saber quem fez, quem traduziu, quem é? Por acaso você sentiria paz se fosse um promíscuo que interpretou, se foi um herético que compôs, se fosse um descomprometido que produziu?

Repito: Que Deus triunfe sobre o juízo pela misericórdia e graça!

sábado, 19 de julho de 2014

Interpretando os Salmos Cristocentricamente com Isaac Watts - Por: Douglas Bond


No prefácio de Canções Divinas Cantadas na Linguagem Simples Para o Uso de Crianças, Isaac Watts afirmou estar diminuindo seu trabalho com poemas infantis a fim de voltar a trabalhar em sua interpretação poética dos Salmos. Ele havia sido encorajado a parafrasear os Salmos por colegas quando ainda adolescente na Academia Newington, e seu irmão Enoch havia muitas vezes encorajado Watts a realizar o projeto. “Há uma grande necessidade de uma pena”, escreveu Enoch, “tão vigorosa e viva quanto a sua, para despertar e reviver a devoção moribunda da época, a qual nada mais pode dar tal assistência quanto a poesia forjada com o propósito de elevar-nos até mesmo acima nós mesmos”.1 Outra carta, esta proveniente de seu amigo de longa data John Hughes, escrita em 6 de novembro de 1697, revela que Watts começou o seu trabalho sobre os Salmos mais de duas décadas antes de publicar Os Salmos de Davi Seguindo a Linguagem do Novo Testamento e Aplicados à Condição e Adoração Cristã (1719). Hughes escreveu: “Dou-lhe o meu agradecimento cordial por sua paráfrase engenhosa, pela qual você tão generosamente resgatou o nobre salmista das mãos destruidoras de Sternhold e Hopkins”.2
É importante notar que o amigo de Watts não denegriu os salmos inspirados em si. Foi a “carnificina” dos versificadores bem intencionados, Thomas Sternhold e John Hopkins, os quais tinham por costume realizar uma metrificação frase por frase dos Salmos ingleses. Como Hughes, Watts também “protestou contra a apatia e crueza de expressão, e a total ausência do Evangelho do Novo Testamento no conteúdo dos Salmos”, escreve Erik Routley, novamente falando não dos Salmos em si, mas de sua manipulação desajeitada em verso inglês. Como poeta, Watts foi particularmente “ofendido pela deselegância dos Salmos de Barton”, mais uma versão inadequada usada em seus primeiros anos. Em meio a tudo isso, Watts começou a perguntar a si mesmo: “Por que não podemos mais cantar de Cristo como Deus? Se Cristo renova todas as coisas, por que nossos louvores permanecem na Antiga Aliança?”3 A partir dessas reflexões, a ideia de um método totalmente novo de interpretar e parafrasear os Salmos em versos começou a se formar na imaginação de Watts.
O PRINCÍPIO REGULADOR
O princípio regulador do culto afirma que nada que não esteja especificamente previsto na Sagrada Escritura deve ser feito no culto. No entanto, muitos na tradição da Reforma estavam divididos quanto a se este princípio proibia o canto de hinos não-inspirados. Desde a Reforma, luteranos haviam cantado hinos de composição humana, juntamente com Salmos no adoração. Embora João Calvino tenha recomendado o cântico dos Salmos em francês, ele nunca proibiu hinos especificamente, e ele mesmo pode ter escrito o hino semelhante a salmo “I Greet Thee, Who My Sure Redeemer Art” [Eu Saúdo a Ti, Meu Verdadeiro Redentor]. De qualquer maneira, ele o incluiu no Saltério de Genebra de 1551, uma forte indicação de que não defendia a salmodia exclusiva.
Calvinistas posteriores, no entanto, torciam o princípio regulador em prol da exclusão de qualquer poesia humana composta para o canto em cultos divinos. Na Grã-Bretanha, a salmodia exclusiva reinou. Infelizmente, porém, muitos dos esforços bem-intencionados de versificar os textos dos Salmos em rima e métrica inglesa passaram longe dos esplendores da poesia original em hebraico.
DAVI, O CRISTÃO
Watts não pediu desculpas por seu ataque frontal às prevalecentes versificações dos Salmos de Sternhold e Hopkins, bem como a de Nahum Tate e Nicholas Brady, os quais produziram uma coleção de versificações de Salmos em 1696. Não há dúvida de que estas eram muitas vezes difíceis, e muitos delas eram praticamente impossíveis de serem cantadas. Então, Watts tomou emprestada a hermenêutica histórico-redentiva empregada pelos melhores pregadores e desenvolveu a partir dela um método de interpretar e aplicar poeticamente os Salmos para o canto no culto. Sua defesa do método indica que Watts queria que o Antigo Testamento fosse entendido à luz de seu cumprimento em Cristo:
Quando o salmista... fala do perdão do pecado através das misericórdias de Deus, eu adicionei os méritos de um Salvador. Onde ele fala de sacrificar cabras ou bezerros, eu prefiro optar por mencionar o sacrifício de Cristo, o Cordeiro de Deus. Onde ele promete abundância de riqueza, honra e vida longa, eu substituí algumas dessas bênçãos típicas por graça, glória e vida eterna, as quais são trazidas à luz pelo Evangelho, e prometidas no Novo Testamento. E estou plenamente satisfeito, que mais honra seja dada ao nosso bendito Salvador por mencionar o seu nome, a sua graça, suas ações, em sua própria linguagem, de acordo com as revelações que ele agora tornou mais brilhantes, do que voltando às formas judaicas de adoração e à linguagem de tipos e figuras.4
Não fazia sentido para Watts que os novos santos do pacto devessem abster-se de tomar o nome de Jesus, “nosso bendito Salvador”, em seu canto. Ele entendeu que as formas de adoração judaica, os tipos e as sombras do evangelho na antiga aliança, estavam, como Paulo disse, “sendo levado[s] a um fim” (2 Cor. 3:7), que “o que, outrora, foi glorificado, neste respeito, já não resplandece, diante da atual sobre-excelente glória” (v. 10). Watts acreditava que ao cantar apenas as cruas versificações inglesas dos Salmos, um véu permanecia sobre os corações dos adoradores da nova aliança, “que, em Cristo, é removido” (v. 14) .
É importante lembrar que Watts escreveu seus hinos e interpretou os Salmos em poesia ao lado de seus deveres como um pregador do evangelho. Ele sabia que era inconcebível para ele, enquanto pregador, negligenciar apresentar Cristo ao seu rebanho, que aparece como o cumprimento da lei em todas as Escrituras e, portanto, nos Salmos. Para Watts, a interpretação poética histórico-redentiva dos Salmos era a única hermenêutica possível, exatamente como era quando ele estava pregando.
Watts não estava realmente sendo hermeneuticamente inovador aqui, como alguns sugerem. Toda a sua aprendizagem provinha da tradição Calvinista e Reformada, então ele estava apenas tentando incitar uma continuidade entre a pregação Reformada centrada em Cristo e o canto Reformado no culto. O próprio Calvino havia escrito: “Devemos ler as Escrituras com o objetivo expresso de encontrar Cristo nelas. Quem quer que se desvie desse objeto, mesmo que esgote-se ao longo de toda a sua vida na aprendizagem, nunca alcançará o conhecimento da verdade”.5 Quando foi chamado para ser pregador em Londres no púlpito de John Owen, Watts declarou à congregação ter “a mesma forma de pensar que o seu reverendo pastor anterior, Dr. John Owen”,6 que havia escrito sobre a pregação historico-redentiva décadas antes dos Salmos de Watts serem publicados, dizendo: “Mantenha a Jesus Cristo fixo em seus olhos enquanto procede com a leitura cuidadosa das Escrituras, como o seu fim, escopo e substância; tenha a Cristo como a própria substância, medula, alma e escopo de toda a Escritura”.7 Mais tarde, C. H. Spurgeon, que foi subornado quando menino a memorizar muitos dos hinos de Watts, escreveu sobre como ele interpretava as Escrituras: “Eu tomo qualquer que seja o texto em que eu esteja e faço um conexão com a Cruz”.8
Os melhores expositores entendem que a interpretação centrada em Cristo não é uma questão de gosto metodológico que funciona para alguns e não para outros. J. I. Packer escreve: “Cristo é o tema verdadeiro da Escritura: tudo foi escrito para dar testemunho dele. Ele é a totalidade de toda a Bíblia, profetizado, tipificado, prefigurado, exibido, demonstrado, podendo ser encontrado em cada página, em quase todas as linhas, como se as Escrituras fossem os próprios cueiros do menino Jesus”.9 Em seu livro Christ-Centered Preaching [Pregação Cristocêntrica], Bryan Chapell escreve: “O método histórico-redentivo... é uma ferramenta vital e fundamental que os expositores precisam para interpretar com precisão e graça textos em seu contexto completo”.10 Para Watts, nenhum outro método tem a carga do texto do salmo antes dele – Jesus.
Alguns acusam Watts de adulteração da inspiração divina por sua manipulação dos Salmos. No entanto, poucos tinham uma visão tão elevada dos Salmos como Watts, e sem dúvida, se ele tivesse crescido no mundo antigo de fala hebraica, onde a poesia e conteúdo inspirados permaneceram intocados, não diminuídos pela tradução, Watts poderia ter surgido com outro método. Erik Routley comentou sobre o que Watts estava fazendo: Deixe um homem deslumbrar-se e compartilhar o seu deslumbramento com seus companheiros na igreja – assim disse Watts, e de onde ele tirou isso, senão dos próprios Salmos? Onde existe tal visão cósmica, tal deslumbramento tão puro e abnegado como lá? Watts protestou contra a falta de Evangelho cristão nos Salmos, mas ele tomou deles essa qualidade de deslumbrar-se, que fez dele, mesmo em seus momentos menos inspirados, um homem com o toque do poeta.11
Observe como, na paráfrase de Watts do Salmo 136, como um bom expositor em um sermão, ele vira o rosto de seu ouvinte em direção a Cristo:
He sent his Son with pow’r to save
From guilt and darkness and the grave
Wonders of grace to God belong;
Repeat his mercies in your song.12
[Ele enviou seu Filho com poder p’ra salvar
Da culpa e trevas e do sepulcro livrar:
Maravilhas da graça de Deus todas são;
Entoem suas misericórdias numa canção.]
Neste método de interpretar os Salmos poética e teologicamente, Watts pode ter sido ainda suportado por Paulo, que escreveu que devemos fazer tudo, “seja em palavra, seja em ação”, no nome do Senhor Jesus, e ele escreveu isso no contexto imediato de cantar “salmos, e hinos, e cânticos espirituais” (Cl. 3.16-17). Para Watts, o que era verdade para ser pregado no culto da nova aliança era igualmente verdadeiro para cantar. Seu quase contemporâneo, Blaise Pascal, articulou a hermenêutica histórico-redentiva dos reformadores e seus descendentes: “Sem a Escritura, que possui Jesus Cristo somente como seu objeto, não podemos saber nada”.13
Fonte: Trecho do Livro O Encanto Poético de Isaac Watts, futuro lançamento da Editora Fiel











Referências
1. Watts, The Poetic Interpretation of the Psalms, 262.
2. Fountain, Isaac Watts Remembered, 37–38. Thomas Sternhold (1500–1549) foi o principal autor da primeira versão métrificada dos Salmos. John Hopkins publicou Sternhold’s Psalms e mais tarde adicionou alguns de seus próprios.
3. Routley, Hymns and Human Life, 63.
4. Bailey, The Gospel in Hymns’, 52.
5. João Calvino, Commentary on the Gospel According to John (Grand Rapids: Baker, 1999), 218.
6. Watts, The Poetic Interpretation of the Psalms, 243.
7. Citado em J. I. Packer, A Quest for Godliness (Wheaton, Ill.: Crossway, 1990), 103.
8. Citado em Lewis A. Drummond, Spurgeon: Prince of Preachers (Grand Rapids: Kregel, 1992), 277.
9. Ibid.
10. Bryan Chapell, Christ-Centered Preaching (Grand Rapids: Baker Academic, 2008), 305.
11. Routley, Hymns and Human Life, 64–65.
12. Do hino “Give to Our God Immortal Praise” de Isaac Watts, 1719.
13. Blaise Pascal, Pensees (Londres: J. M. Dent & Sons, 1954), 147

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Os 5 "Examinais"

Examinais!
Vamos falar um pouco de Direito para que a gente entenda o conceito da palavra EXAMINAR tal qual é abordado nas Escrituras.
“A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” Art. 5º, XXXV, CRFB. Começo o nosso texto afirmando que no sistema judiciário brasileiro, nenhuma lesão ou ameaça a direito pode fugir de um devido exame/juízo. O legislador constituinte firmou, assim, o chamado princípio da inafastabilidade da jurisdição. O Código de Processo Civil de 1973, por conseguinte, trouxe à baila que o Estado-juiz, uma vez provocado (art.2º,CPC), prestará tal tutela jurisdicional analisando vários pressupostos de admissibilidade, condições para propor a ação (quais sejam: interesse e legitimidade – art.3º,CPC; Capacidade – art. 7º, CPC), enfim... é elencado uma série de parâmetros e regras para a apreciação de um determinado objeto, agora litigioso, que é o cerne de uma futura decisão (art. 459, CPC) onde este mérito será, então, decidido, e por fim, revestido de definitividade e inimpugnabilidade. Nesse pequena síntese, eu quis dizer que: Um certo indivíduo, que se vê ameaçado de um direito dito seu, pede ao Judiciário que reafirme a sua alegação. O juiz examina a petição inicial, realiza seu juízo de admissibilidade (mediante todos os requisitos e dispositivos expostos expressamente na lei), admitido, ele cita o réu, que terá o ônus de provar quanto a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 333, CPC). Feito isto, abrindo espaço para que as partes comuniquem, contestando, solicitando determinadas provas, o Juiz marca a Audiência de Instrução e Julgamento onde cumpre a ele tentar a conciliação, produzir a prova oral, deduzir as alegações finais e por fim, prolatar a sentença. Todo esse exame deve ser à luz das normas taxativamente dispostas no Código de Processo, no texto de Direito Material e na própria Constitucional, a “Lex Major”. Portanto, existe um critério objetivo a ser seguido, sendo vedado o julgamento aleatório do juiz (art. 126, CPC – O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei- Exceção art. 127, CPC), bem como a falta de imparcialidade (art.134,CPC) e aos tribunais de exceção (art.5º, XXXVII, CF). Daí sim, a partir de um arcabouço normativo denso, o juiz se convence dos fatos, aprecia livremente as provas, e julga, resolvendo o mérito (art.269, I, CPC), dirimindo o conflito, trazendo a paz e a justiça sociais.
Repito: Para o correto e justo exame do fato, que ameaça ou lesiona um direito, é necessário uma série de critérios, pressupostos, dispositivos e admissibilidades, para que, só então, o julgamento seja completo e perfeito.
Entenderam o que é EXAMINAR? JULGAR? Tudo a partir de um ponto comum e indiscutível, que no direito chamamos de Doutrina da inegabilidade dos pontos de partida.
Algo semelhante acontece com os 5 “Examinais” que estudaremos. A partir de um ponto inegável, somos compelidos a um juízo de valor justo e bem fundamentado.
De um corpo normativo, somos capazes de um convencimento adequado, razoável e estruturado. Então, vejamos:

1 - “Examina-me, Senhor, e prova-me, sonda-me o coração e os pensamentos” - Salmo 26:2
Observem que nesse Salmo, Davi suplica para que Deus o faça justiça, e por conseguinte, ele pede para que primeiro Deus o julgue, o examine, analise as provas que traz a juízo, e vá mais além. Sabendo que o Senhor conhece todas as coisas, inclusive o que nós, em nós, não conhecemos, Davi reitera um exame até mesmo do seu coração e pensamentos. Ele quer que o seu Deus perscrute o seu entendimento, o âmago da sua alma. Tudo isso a partir de um ponto inegável: Deus é juiz sobre toda a terra – Ele é justo – Ele tem os devidos parâmetros para me examinar.

2 - “Examinai as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna e são elas mesmas que testificam de mim” João 5:39
Jesus, revelando a unidade teleológica das Escrituras, isto é, o encaixe perfeito e revelado de Deus, na promessa do Cristo e na manifestação do Cristo, afirma: Examinem as Escrituras? Tragam para um juízo e vocês verão! Elas testificam, reafirmam quem eu sou e para que eu vim! Elas são as únicas capazes de convencer e converter o coração de pedra de vocês, em salvação!
Em outras palavras: Testem e vocês verão! Estudem e vocês saberão quem eu sou! Olhe para Isaías 53, para o Salmo 45, para Zacarias 14 e me vejam lá! Julguem, porque o parâmetro de Julgamento é verdadeiro e correto!
Perceberam? Ele afirma a veracidade do ponto inegável, da lei que necessita ser aplicada no julgamento (As Escrituras), e mostra a justiça (vida eterna) e a autenticidade (testificam de mim) da Lei e dos Profetas! Que benção! Já sabemos, então, qual deve a ser o parâmetro e os requisitos que devemos ter quando formos analisar as nossas músicas.
Recapitulando: Suplicar a Deus que nos examine pelo que fazemos e pelo que somos (isto é adoração completa, ensinada pela Bíblia), e, pela Palavra, examinar tudo que está ao nosso redor. Sem juízos individuais, sem preceitos do nosso coração, mas somente e somente, pela Palavra! Paulo já fala: “Que a Palavra de Deus abunde em vossos corações... cantando ao Senhor com salmos, hinos e cânticos espirituais”!!
Tudo tranquilo até aqui? Ótimo!

3 - “Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda avidez, examinando as Escrituras todos os dias para saber se as coisas eram de fato assim” Atos 17:11
Não tem como! A Palavra de Deus é perfeita! Olha a prática de João 5:39, clara aos nossos olhos! O que os irmãos de Beréia faziam era nada mais nada menos que o devemos fazer: Analisar o mundo ao redor, e o que é pregado, à luz das Escrituras e somente a partir das Escrituras! Que Julgamento maravilhoso! Eles não se apoiaram no seu coração enganoso e mais enganoso que todas as coisas (Jr. 17:9), nem nos seus conceitos, gostos pessoais, desejos, belezas próprios! Eles Examinavam a partir das Escrituras. Mas com um propósito determinado: Para saber se as coisas eram de fato assim.
Continuemos.

4 - “Examine-se pois o homem a si mesmo, e, assim, coma da pão e beba do cálice, pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si” 1 Co 11:28
Aqui há uma clara norma coercitiva. Existe uma prescrição inicial: Examine-se o homem a si mesmo! Olhe primeiro para si! Um juiz brasileiro primeiramente antes de julgar, de ofício, deve falar se ele é impedido para julgar, isto é, por exemplo: Um juiz não pode exercer suas funções no processo contencioso quando cônjuge, parente, consaguíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na coleteral, até o terceiro grau (art.134, V, CPC); ou juiz funda-se suspeito quando tiver pra julgar um amigo íntimo ou inimigo capital (art.135, I, CPC). Entenderam? Ele, primeiro, se analisa!
Na instituição da Ceia (àquela que substituiu a páscoa, que insistimos em comemorar), Paulo aconselha a nos colocarmos no lugar de juiz e de parte ao mesmo tempo, e à luz das Escrituras (nossa lei, se assim a gente puder falar), nos perguntar: Será que, de fato, somos obedientes? Amamos a Jesus? Amamos as Escrituras? Conhecemos a Palavra, ao ponto de segui-la, obedientemente? Se a resposta for NÃO a essas perguntas, e se não sabemos discernir o Corpo (interessante aplicação aqui podia ser, 1º – que não tem comunhão com o Corpo; 2º – Que não vive a união íntima do Crente com Cristo, não está morto com a morte do Redentor, nem vive com a vida do Redentor; 3º – Que não conhece as Escrituras e o propósito da morte de Jesus), enfim... Se esse participa da Ceia indignamente, come e bebe juízo para si! Já está declarada a sua própria ruína!

5 - “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé, provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados.” 2 Co 13:5.
Outra situação para um exame íntimo de quem somos, à luz da Bíblia!
E o apóstolo nos pergunta: Estais na fé? Verdadeiramente livres do pecado?! Se Examine! Se Julgue! Vocês reconhecem que Jesus Cristo está em vocês? Um justo exame requer uma aproximação correta e coerente das Escrituras, e só pode ser feita por aqueles que estão na fé! Os que são incapazes de reconhecer Cristo nas suas atitudes, esses, de antemão, já estão reprovados.
Fé requer um verdadeiro e acertado conhecimento de Deus – Correta Teologia!

Feitas estas explanações, chegamos no cerne do assunto:
Como interpretar 1 Tessalonicenses 5:21 que diz: “Julgai (Examinai) todas as coisas, retende o que é bom”?!?
Já entendemos o correto sentido da palavra “Examinar” nas Escrituras. Vimos que o ponto inegável, pelo qual provêm todo o julgamento é exclusivamente as Escrituras, porque elas revelam a Jesus, testificam dele, e trazem vida Eterna. Vimos também, que constantemente precisamos julgar a nós mesmos, um julgamento honesto, a testar a nossa fé, nossa santidade, a doutrina a qual acreditamos para vermos se somos impedidos ou, até mesmo, suspeitos de julgar! É isso que acontece em um Código de Processos, não seria nada diferente dos Santos e Eternos preceitos do Senhor! Afinal, antes de qualquer coisa: Tira a trave que está no teu olho!
Assim, se torna simples, numa interpretação contextualizada, afirmar que devemos julgar (examinar) todas as coisas a partir de Cristo e do que Ele verdadeiramente é, retendo o que for bom, isto é, retendo aquilo que revela quem Cristo verdadeiramente é, não só através do que se fala ou canta, mas através do que se é e vive! Ok? Deus não faz distinções. Ele toma o homem por completo. Que adianta eu dizer que amo a Deus, se vivo em pecado? Deus me justificaria pelo que falo? Não! Mas pelo que sou!
Pois bem.
Chegamos ao ponto das aplicações práticas:

A – É possível dissociar a parte do todo? Eis a questão!
Eu diria que sim.
Exemplo 1: Judas. Judas, o traidor, recebeu poder para curar enfermos, expulsar demônios, viu os grandes milagres de Jesus, era tido por confiança, uma vez que fazia o financeiro do ministério, enfim, aparentemente era como muitos crentes de hoje. Entretanto, por dentro, um caco, vazio, entregue ao pecado, ao ponto de, dando lugar ao diabo, trair o Filho de Deus. Pergunto: Provavelmente muitos glorificaram a Deus e bendizeram o Nome de Cristo, a partir de Judas, concordam? Muitos devem ter sido conduzidos à adoração, a partir de Judas, mesmo sendo ele um ímpio! Dissocio o que ele é, do que ele fez!
Deus pode suscitar ímpios para chamar os eleitos, isso é verdade! E vou mais mais além, ímpios que abençoam eleitos! Ímpios que se dizem crentes, mas não perseveram na fé!
Mas é por causa disso que eu tenho que ser igual ao ímpio? Ou até mesmo imitar o que ele faz? Não!
Exemplo 2: Homem possesso em Gadara. Interessante que os demônios clamavam: Jesus, Filho de Deus, o que queres conosco? Não nos mande para o abismo antes do tempo! Olha que perfeita afirmação teológica e que contenação com o que Pedro anos mais tarde falaria na epístola! Uma verdade, que glorifica a Deus, mas falada pela boca de demônios!
Hoje, temos grandes teólogos que falam grandes verdades, mas que não são crentes! E aí?
Por causa disso que eu tenho que ser igual ao ímpio? Ou até mesmo imitar o que ele faz? Não! Devo buscar glorificar a Deus a partir do mover do Espírito em mim!
Exemplo 3: Esaú. Provavelmente, eu uma certeira hipótese, deve ter ouvido do seu pai os grandes feitos de Deus, do que Deus era, das promessas, da herança bendita, tudo! Deve ter glorificado ao Pai? Sim! Mas era perdido!
Meus queridos? Esses caíram sob o juízo de 1 Co 11:28! Glorificando a Deus externamente (tal qual participar da Ceia), mas trazendo justo juízo sobre si! Tirando o exemplo dos demônios, os outros dois não se examinaram a partir das Escrituras! O que eu quero imitando-os? Há bem nisso?
Deus não dissociou a prática de vida, do louvor que entoavam, antes os condenou!
E nós?

B – Nessa linha, o que fazer com as músicas?
Primeiro cuidado: Doutrina da Aceitação Incondicional – Não quero saber de nada, de quem é o cantor, de quem a pessoa que fez a música, de nada! Vem como está, e continua como está! Fora os parâmetros bíblicos, fora a “doutrina”, fora tudo!
Essa postura de: “a música fala uma verdade, a bíblia ensina sobre isso, eu canto!” é um erro, é antibíblico, é anticristão! O que importa sou eu que sou crente cantar!
Existe algo chamado CONSAGRAÇÃO, separação total daquele que fez, correto temor de quem Deus é, e isso deve ser precisamente examinado também!
Parâmetro das Escrituras: Não devemos oferecer nada a Deus nos altares de Baal. Devemos ofertar ao Senhor aquilo que Ele pediu que seu servo fizesse: Oferta de Abel! Olha a separação apostólica e a liberdade do Espírito em direcionar! Olha a intimidade e a vida completa em Deus! Olha o sacerdócio levítico! Olha as Escrituras!
Por isso que temos tantos ritmos mundanos nas nossas igrejas, por isso temos um monte de crente pulando, gritando, dançando, cantando música de seitas... Falta de discernimento, aceitando incondicionalmente.

Segundo cuidado: O Relativismo Musical – O que os Protestantes são hoje, em termos de música? De tanto copiar, de tanto admirar lá fora e não fazer nada aqui dentro, hoje temos cada vez mais muitos erros e mundanismo entre nós, do que a estrita observância da Palavra! Uma praga chamada relativismo, com a errônea interpretação de 1 Ts 5:21, nos tornou tão simpatizantes do mundo, acreditando, pelo nosso coração enganoso, e desejos pessoais que aquilo estava certo, na nossa falta de discernimento que nos tornou ralos em doutrina, ralos em conteúdo bíblico e porque não, ralos em música! Vivemos ou do passado com os hinários, e por medo não produzimos nada no presente, ou vivemos da presença marcante do mundo nas nossas músicas, porque “achamos” que não tem problemas, e devemos “reter o bem”!!! Perceberam como a má interpretação nos leva a esses absurdos? Aceitar ritmos mundanos, porque gostamos, aceitar o pecador e os pecados, porque não vemos problemas, admitir músicas de qualquer um, porque falam de Jesus!??? Pelo amor de Deus! Devido a esses relativismos, usando erroneamente e interpretação do texto bíblico, substituímos o Correto Exame das Escrituras, pelo Enganoso Exame dos Nossos Achismos!
Pergunto: Alguém cantaria música católica nos seus cultos? Eles acreditam na trindade, na divindade de Jesus!! Porque não cantam? Se fosse assim perguntaria: Porque não cantam música de testemunha de jeová e de mórmon no culto de vocês? Eles acreditam que Jesus existiu, acreditam em textos da Bíblia! E porque não cantam? Não é pra reter o bem? Pergunto aos pastores: Tem muito padre que dá aula de exegese e é exímio intérprete! Porque não chama pra fazer uma pregação no púlpito de vocês? Não é pra reter o bem!? Tem muitas mulheres que pregam muito bem! Entrega o rebanho de vocês a elas? Tem muito pastor adventista que prega com grande autoridade sobre a volta de Cristo! Cedam o púlpito para que eles falem a igreja! Não é reter o bem que há neles? Pelo amor de Deus!!!! É um absurdo então, considerarmos no louvor que é OFERTADO A DEUS e EDIFICAÇÃO DA IGREJA, que eu me atreva a cantar música de seitas, em especial a adventista! Perceberam? Se é pra ser coerente, sejamos por completo!
1 Ts 5:21 não dá espaço para o relativismo musical, para a aceitação incondicional, nem para a licenciosidade do ensinamento e da interpretação bíblica, antes é uma perfeita e instrumental ferramenta para a coerência, exame justo e correto, à luz da TOTALIDADE e UNIDADE das Escrituras! Admitir aquilo é, no mínimo, falta de bom senso e incoerência!
Quem foi Caim? Aquele que somente matou seu irmão, ou que deu a Deus o que seu coração enganoso quis ofertar? Deus abomina a prática dos ímpios, mesmo que acertem e falem verdades no que dizem! Olha a dicotomia entre ímpios e justos em Provérbios, olha Isaías quando o Senhor diz que o povo o glorifica com os lábios, mas o coração está longe!!!
Nós podemos dissociar, na nossa mente que busca o que agradável a nós, correto a nós, certo a nós, sincero ao nosso mentiroso e enganoso coração, mas Deus não dissocia o que o homem é, do que o homem faz!! Por acaso o Senhor aprovava os fariseus? Não! Eles praticavam a lei (Essa deveria ser seguida, como Jesus falou!), mas o coração era endurecido! Por acaso o Senhor aprovava os filisteus? Não! Mas eles deveriam ter amor uns pelos outros, respeitavam os mais velhos, ou qualquer outra virtude, mas Deus não aprovava!
A Bíblia é clara. Examinamos tudo que está ao nosso redor, sempre à luz do que a Bíblia. E devemos ter muito discernimento, mas muito discernimento mesmo, sendo coerentes o tempo todo!
Portanto, mil vez o absolutismo, prezando pela coerência e unidade bíblicas, do que o relativismo que tanto nos fez mal!
Pergunto de novo: O que a maioria dos evangélicos são hoje? Um monte de agrupamento que adora de maneira diferente, que prega de maneira diferente, que priorizam as pessoas, e não o Deus Soberano e Eterno que reina e que mostra como quer ser adorado... Doutrina? Longe!
Repito: Como Deus não dissocia, e desaprova tais práticas das seitas e heresias, nós também devemos não dissociar e desaprovar tais músicas das seitas e heresias!!
Que Deus nos tire a mácula dos relativismos musicais, das aceitações incondicionais e nos redirecione a sermos iguais os crentes de Beréia “recebendo a palavra com avidez, alegria”; “Examinando as Escrituras – as estudando, meditando, buscando nos adequar aquela realidade”; “constantemente – exercício da perseverança e santificação”; “para saber se as coisas eram de fato assim – para saber se o que está acontecendo em nosso meio, de fato deve ser assim”!!
Como não tenho visto que as coisas tem sido de fato assim, eu brado: Há erro que precisa ser corrigido! Deus não aprova o que muitos deles pregam, porque pregar o que pregam através das nossas músicas?
Desculpem o tom indignado e severo do meu texto, mas, em Jesus, reflitam sobre o que aqui está escrito.
Sei que você pode está terminando de ler tudo isso aqui, lembrando de muitas e muitas músicas que com certeza te fizeram chorar, que te confortaram, que são bonitas, bem feitas, bem arranjadas, etc. Com certeza!
Não posso impedir ninguém de fazer o que bem acha na telha, não posso! Eu aprendo e admiro composições, a prática da teoria musical, as vozes, a música sacra, o instrumental, enfim... reconheço! Já cheguei até a defender com unhas e dentes a música adventista no seio das nossas igrejas, já! Mas vi que essa nossa “liberalidade” nos trouxe mais danos e estagnação musical e doutrinária do que o que de proveitoso poderia nos trazer!
Nossos queridos estão doutrinados por adventistas, e eu reitero a forma como eles tem doutrinado pela música ultimamente... O CD do Arautos do Rei vem com um encarte explicando a doutrina de cada uma das músicas! Embasamentos, textos da profeta, etc... O que nós queremos com eles? Pior, trazendo a música doutrinada deles para os nossos cultos? Faça um teste: Pergunte sobre o sábado, sobre a volta de Jesus, sobre os anjos, sobre a expiação, sobre várias e várias coisas... Se abrimos espaço para músicas dessa seita, devemos começar a considerar de tantas outras seitas por aí!!
(Obs.: Algumas músicas são de autoria batista, sendo talvez as mais conhecidas. Eles só são os intérpretes)

Por fim, termino, fazendo minhas, as palavras do apóstolo Paulo em 2 Coríntios 13:7-8, que diz:
“Estamos orando a Deus para que não façais mal algum, não para que, simplesmente pareçamos aprovados, mas para que façais o bem, embora sejamos tidos como reprovados. Porque não podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade” 

Que Deus nos redirecione, nos abençoe e nos livre das absolutas ciladas de Satanás

na disseminação desses relativismos!

Grande abraço

Paz seja com todos
Állan